A Cura da Criança Interior
- Alessandra Hartveld
- 1 de dez. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 20 de jan.
O arquétipo da Criança Divina pressagia a possibilidade de renovação.
A voz da criança interior todos reconhecemos, porque fomos crianças, carregamos memórias de nossa autenticidade e espontaneidade. A criança que um dia fomos permanece conosco para o melhor e para o pior, vive dentro de nós aqui e agora, é testemunha da nossa história pessoal.
Por isso, sentimos em segredo que alguma parte de nós continua inteira, intacta diante dos padecimentos da vida e ainda capaz de se maravilhar com as menores coisas, no entanto essa parte genuína é a que sofre, por isso muitos adultos precisam excluí-la, sem saber que representa um símbolo de união das partes dissociadas de sua personalidade. Os tesouros da criança passam então a ficar escondidos, protegidos num santuário tão resguardado que dificilmente o adulto consegue reconhecer e recuperar o poder da sua vibração. A criança permanece abandonada, e as racionalizações, amarguras e vícios substituem sua radiância.
Vale notar que para grande parte das pessoas a criança está longe de ser inspiradora, poucos de nós tiveram uma infância isenta de ansiedade, num ambiente afetivo e seguro, para muitos a criança está ferida e traumatizada pois não teve suas necessidades atendidas e sua vivência é uma fonte de humilhação com a qual é muito difícil identificar-se ou partilhar com alguém.
Nesse sentido, a criança ferida pode representar um grande inibição à capacidade humana de formar vínculos na idade adulta ocasionando até uma dificuldade de vivência de relações íntimas, inclusive com seus próprios filhos. Vemos que o abuso de crianças reflete uma falta de ligação dos pais com sua criança interna, tanto assim que os agressores também foram vítimas de abuso na própria infância.
Mas é possível curar essa criança ferida através de uma atitude interior positiva, de um diálogo que dê apoio e incentivo à criança interior através da compaixão. Para que seja possível reaver a energia que ficou presa em padrões de defesa, temos que lembrar que nossa criança interna era naturalmente aberta e confiante, emotiva e expressiva até se fechar para se proteger.
E onde vive essa criança? Em nossas fantasias, pressentimentos, preferências e aversões. Em nossos sonhos, desejos e devaneios. Ela surge quando estamos cansados, doentes, tristes, sentimos medo ou decepção. Ela quer ser ouvida, atendida, validada e apoiada pois sua voz sempre nos sinaliza o melhor caminho a seguir, sua força contém todo o potencial criativo, é chave para alcançarmos a mais plena realização.
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Aqui estão 5 ideias para ajudar a encontrar e curar a criança interior:
Journaling
Escreva sobre suas emoções e lembranças da infância. Explore momentos felizes e tristes, Essa prática facilita a conexão com sua criança interior e ajuda a identificar padrões de dor.
Revisitar Experiências da Infância
Dedique um tempo para relembrar atividades e lugares que você gostava na infância. Isso pode incluir pintar, brincar ao ar livre, ouvir músicas da sua juventude ou visitar locais significativos.
Auto-compaixão
Desenvolva a prática da auto-compaixão ao tratar-se com gentileza e compreensão. Converse consigo mesmo como faria com uma criança: ofereça encorajamento, valide seus sentimentos e permita-se sentir.
Atividades Lúdicas
Engaje-se em atividades criativas que estimulem a imaginação e o brincar, como a pintura, a dança, o teatro ou artesanato. Essas atividades estimulam a expressão emocional e promovem a conexão com a espontaneidade e alegria da criança interior.
Terapia
A terapia facilita a compreensão e emoções e experiências passadas, e proporciona um espaça seguro para a expressão de sentimentos represados.

Sobre a autora: Alessandra Hartveld é Psicologa Junguiana, atende presencialmente em Hong Kong e online para outras localidades.
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